Quando me mudei para Cuiabá, em 1991, recebia cartas de parentes e amigos todos os dias, isso mesmo, todos os dias. Os anos foram passando, as cartas foram se estreitando e a internet chegou e acabou com a poesia do carteiro, das cartas mandadas em papéis perfumados (escritas com canetas coloridas), da ansiedade na espera por notícias vindas de longe… Bem, mas é o ciclo da vida, a evolução das coisas!
Outro dia mandei um e-mail para todos da minha lista de contatos para passar meu novo número de celular (porque tinha trocado de operadora) e também porque precisava limitar a quantidade de endereços eletrônicos que tinha para apenas um. Olha o que escrevi: “Olá, novamente, queridos amigos, colegas, parentes, de hoje e de sempre, de longe e de perto…
Acho que estou passando pela crise dos 30 e poucos! Uma confusão na cabeça, algumas inseguranças, uma crise existencial sem fim… Mudo de celular (para quem ainda não tem, anotem aí: xxxx-xxxx), corto o cabelo, e agora, para finalizar (será?), volto a usar apenas esse e-mail que escrevo para vocês… Chega! É muito e-mail pra ler, muitas mensagens encaminhadas… correntes…, não há santo que aguente! Risos! É isso! Para me acharem, podem me mandar e-mail para xxxxxxx@xxxxxxx ou telefonar, por favor, telefonem, mandem e-mails, mas não encaminhem apenas… Contem-me como estão… Vamos estreitar amizades! Esse mundo ‘frio’ no qual estamos vivendo (da tecnologia, da correria do trabalho etc.) é tão solitário e acabamos por nos ver tão pouco e já que vamos nos falar pelo virtual, pelo menos que seja mais íntimo e pessoal (nome de filme, né?! Não era para rimar, mas rimou).
Para finalizar, se porventura eu assinar algum outro e-mail ou trocar de telefone de novo, vocês logo, logo, ficarão sabendo! Grande abraço cheio de carinho para todos, Lili.” Um amigo escreveu uma grande verdade no perfil dele do orkut – outra modalidade virtual que foi uma febre – que “a internet vai revolucionar muitas coisas, mas jamais vai substituir a necessidade do contato direto entre as pessoas.” Também penso assim. Ai que saudade do carteiro!
