Quando iniciei meu processo de escrita e sonhava intimamente ser uma escritora famosa, não imaginava que hoje poderia fazer isso: escrever e publicar, ainda que organicamente, meus textos. E isso mesmo sem uma edição criteriosa dos tempos verbais, da coerência, da coesão, enfim, das técnicas que estudei na faculdade de Letras. Tenho convicção de que minha escrita não está no padrão normativo da academia, mas isso não me inquieta, talvez por pretensão ou por ingenuidade, mas sei que gosto do resultado do que produzo, ainda que perceba e me frustre ver que poucos leem, pelo menos, quem eu imaginaria me ler não lê, não sei se por desinteresse, recalque ou por nada mesmo.
Tenho um defeito que talvez muitas pessoas compartilhem: de me projetar no outro, esperando que ele seja como eu. Admiro genuinamente muitas amigas e amigos, sem inveja, ainda que a vida nos tenha distanciado; torço por elas e eles em suas carreiras e vidas pessoais, movida apenas pela admiração, sem nenhum interesse oculto.
No entanto, minha intuição diz que essa reciprocidade não existe e isso me dói. Pode ser apenas uma impressão errada – sei que há exceções – mas carrego um complexo de rejeição desde a infância. Talvez a mudança dos tempos, com a chegada da internet e das ditas redes digitais tenha contribuído para isso.
As pessoas parecem se comportar como robôs, visualizam sem ler, interagem de forma anestesiada. A modernidade do universo virtual trouxe muitas inovações, mas poucos sabem usufruir dela de forma consciente.
A experiência me ensinou algo importante: temos valorizado menos a comunicação significativa, especialmente quando alguém que admiramos tenta nos alcançar com uma mensagem gentil ou uma informação relevante. Há uma crescente relutância em atender ligações telefônicas, substituídas pelas ligações via WhatsApp, contudo, essa dependência digital frequentemente falha e a conversa, antes fluida, acaba sendo truncada por problemas de conexão.
Anos atrás eu desativei no meu WhatsApp a função que me diz que a pessoa leu minha mensagem, que são os dois risquinhos que ficam azuis. Foi uma libertação, para quem é ansioso e inseguro sabe que isso é uma vitória. Como adulta que sou, sei que a pessoa que recebeu a mensagem vai ler em algum momento do seu dia e caberá a ela, com sua maturidade e seu livre arbítrio responder ou não.
Eu posso dizer por mim: tirando aquelas mensagens de “bom dia” encaminhadas constantemente, em que a pessoa nem se digna a realmente falar comigo e sei que ela provavelmente tem uma lista de transmissão diária (e está tudo bem), sempre respondo, nunca deixo a pessoa sem resposta, mesmo que seja negativa; pode acontecer vez ou outra um esquecimento, mas é raro.
Não parei de escrever no blog apenas por causa dessa ‘mágoa’, digamos assim; foi uma pausa inconsciente, parei porque não consegui mesmo escrever, tive um bloqueio literário (que chique), muitas demandas cotidianas e sob minha perspectiva sem nenhuma relevância para ser publicadas.
Por outro lado, tive algum progresso no meu despretensioso romance, com o avanço de alguns capítulos, que muito em breve vocês terão novas informações sobre ele.

Como tra achar em nós misto de expectativas e mudanças na comunicação relacionais….?adorei seu texto bj