O processo de autoconhecimento nunca cessa quando é iniciado a partir de um movimento de dor ou de grande mudança na nossa vida.
Todos passamos por mudanças ao longo dos anos, mas nem todos despertam para o autoconhecimento, porque é doloroso, e por mecanismos de autopreservação, evitamos a dor o máximo que podemos.
Olhar para nós mesmos no espelho e enxergar nossas imperfeições e aceitá-las não são uma tarefa fácil, e fazer as pazes conosco é ainda mais desafiador, mas em contrapartida, é libertador.
Em um passado já longínquo, eu torcia o nariz para a filosofia (por questões que não vêm ao caso no momento ou por ignorância mesmo), mas admito que os filósofos e religiosos icônicos sabiam o que diziam quando nos presentearam com estes aforismos atemporais: “Conhece-te a ti mesmo.” (Sócrates) e “Conhece-te, aceita-te, supera-te.” (Santo Agostinho)
Quando nos despimos de preconceitos, rituais herdados de uma criação às vezes repressora (não por maldade, mas por desconhecimento de uma diferente), estamos abertos a nos conhecermos desnudos dessa herança compulsória.
Acredito que o meu processo de autoconhecimento tenha começado quando dei início ao meu processo de adoção, e quando minha filha chegou e me tornei mãe. Num dia eu era apenas e tão somente a Lili, filha única de Elena e José, uma pessoa tímida, introspectiva, amiga, com uma vida até então pacata, e no outro, renasci mãe da Mariana, uma criança que demandava atenção, cuidado, carinho, (como toda criança), mas que a ela havia sido tirado; e desse dia em diante, nunca mais fui a mesma pessoa, sigo aprendendo, errando, acertando, errando de novo, mas sempre disposta a melhorar. Passei a viver, por escolha, pela minha filha.
A maternidade foi e é a melhor experiência que me aconteceu, porque me despertou para o autoconhecimento e para uma vida com um propósito, de educar e mostrar o mundo a uma criatura que me foi confiada por Deus. Certa de que na maternidade não tem zona de conforto, cada momento é um turbilhão de emoções. O que estamos vivenciando agora é a adolescência, quem já viveu, sabe bem como é.
E hoje, felizmente, temos tantos recursos que antes não tínhamos, mas ainda assim, nada supera a vivência do dia a dia.
Quando passarmos para o lado de lá da vida que não cessa, prestaremos contas apenas e tão somente do que fizemos da nossa existência e com a vida que nos foi confiada. Ninguém vai responder por nós a não ser nós mesmos. Então, não adianta ficarmos preocupados com o que os outros pensam e falam sobre nós, porque no fim das contas, não importa.
Nesse intervalo de tempo, para aproveitar o que há de melhor neste mundo e nesta existência, precisamos viver a vida em toda sua leveza e plenitude.
