Identidade musical (editada)

Hoje quando estava dirigindo para o trabalho, coloquei um CD da Maria Bethânia para ouvir, era o álbum Álibi, e naquele momento, senti uma nostalgia imensa e gostosa ao me lembrar da época em que eu escutava músicas no toca-fitas do meu pai, em uma fita K7 que minha mãe havia ganhado do meu primo Arthur.

O.K., O.K., podem dizer: “Nossa, faz tempo, hein?!” Bem, faz muito tempo mesmo, tanto tempo que essa lembrança me inspirou a fazer uma retrospectiva da minha identidade musical ao longo dos anos.

Percebi que sou uma pessoa musical, mesmo sem ser especialista no assunto, minha vida é permeada por música, e ouso dizer que sempre de boa qualidade.

Quando ainda criança, lá pelos meus nove anos, minha querida mãe me colocou, a pedido meu certamente, para fazer aula de piano, tive uma professora muito dedicada, a chamávamos carinhosamente de “tia” Sônia, ela dava aulas na casa dela e no final de cada semestre, se não me falhe a memória, fazíamos uma audição para mostrar nosso progresso nas aulas, fiz duas audições e a primeira delas aconteceu no Teatro Municipal de Araçatuba, tenho uma foto icônica desse dia: eu estava, desde aquele tempo, de cabelinho curto, com um vestido de veludo florido com bolsinha a tiracolo, meia-calça branca e sapato de verniz preto (que é a foto tema dessa crônica).

Apesar de amar piano, não tinha talento, pelo menos não nato, então, ainda na infância, resolvi abandonar a carreira de pianista. Risos!

Anos mais tarde tentei o violão, mas totalmente sem jeito, talvez por ser canhota e o professor se atrapalhar para mudar a posição das cordas pra eu conseguir tocar com a mão esquerda, também acabei abandonando carreira de violonista.

Decidi ser apenas apreciadora amadora de boa música e sigo até hoje colecionando gostos e preferências pelas músicas ‘antigas’, como diz minha filha, mas que eu sempre contraponho dizendo que as músicas são atemporais, pelo menos as de boa qualidade.

Na minha infância e início da adolescência em Araçatuba conheci os melhores compositores e intérpretes da música popular brasileira.

Eu gastaria páginas e páginas citando todas as músicas ou artistas que conheci e aprendi a gostar, mas só pra gente ter uma ideia e não ficar maçante vou elencar algumas dezenas delas/deles.

Os mais ouvidos e até hoje conhecidos mundialmente: Gal Costa, Maria Bethânia, Caetano Veloso, Chico Buarque.

Não sou o tipo de pessoa que se pode confiar na memória – é sempre bom frisar isso –, não me lembro de datas exatas nem da ordem dos acontecimentos, mas sei que eu ouvia mais gente: no apartamento da minha prima Carla tenho as lembranças nítidas de alguns LPs que marcaram sobremaneira a minha infância e que hoje, adulta e mãe, procurei reouvir com minha filha: Arca de Noé, Casa de Brinquedos, só nesses dois discos juntos vários intérpretes: Toquinho, Vinícius de Moraes, Tom Jobim, Elis Regina, Marina, Simone etc.

Eu apreciava também os clássicos estrangeiros como Beatles, Pink Floyd, nunca me esqueci de uma colagem na parede do quarto de música da casa dos meus primos: umas placas de um plástico rígido simulando um muro branco, que era a reprodução da capa do disco The Wall, do Pink Floyd. A gente se sentava no chão do quarto que tinha apenas discos, o aparelho de som, almofadas, carpete e muitos sonhos…

Nesses bons anos eu ouvia muito Raul Seixas do meu quintal, pelo toca-fitas da casa dos nossos vizinhos e aprendi todo o repertório dele.

Eu também ouvia Michael Jackson, David Bowie e Janis Joplin…

Dos rock/pop brasileiros: Legião Urbana, Paralamas do Sucesso, Titãs e Engenheiros do Havaí.

Não posso deixar de mencionar uma febre que tive por música latina, em especial, o queridíssimo e gato – à época – Luis Miguel, ainda carrego comigo um carinho muito especial por ele.

Nos tempos da Faculdade, acompanhava o lançamento das músicas da Marisa Monte, sabia o repertório todo dela, sigo apaixonada até hoje.

Alanis Morissette também era uma das minhas preferidas dos tempos acadêmicos e a ouço vez ou outra.

Tive ainda a fase da música clássica – que sigo gostando –, com uma preferência por piano; ganhei um CD duplo com um compilado dos melhores clássicos do piano: Chopin, Schumann, Liszt, Mandelssohn e outros.

Hoje muita coisa mudou na indústria fonográfica: a forma como as músicas são gravadas e distribuídas e também como podemos ouvi-las.

Existem as chamadas plataformas digitais, não farei propaganda de nenhuma aqui, não de graça – risos –, mas posso afirmar que elas popularizaram e democratizaram a forma como podemos ouvir boa música: de graça – com anúncios de toda sorte – e a opção paga – sem interrupções de anúncios –.

Mesmo com o surgimento dessa modernidade, existe um movimento de nostalgia em que muitas pessoas estão redescobrindo os LPs e suas vitrolas ou toca-discos, como queiram, e claro: com isso ressurgiu um novo mercado da música.

Ainda não sucumbi a essa febre, por vários motivos e também porque não sou uma crítica voraz, tampouco especialista de som de qualidade etc., apenas gosto de ouvir minhas músicas preferidas onde eu estiver e a hora que eu quiser, bastando um clique no meu celular.

Gostei de revisitar minha trajetória e evolução musical ao longo dos anos, posso dizer que sou muito feliz com a minha identidade musical!

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