Mario Quintana escrevia poemas sobre mim! (editada)

Dos meus livros de cabeceira, o livro Poesia Completa, de Mario Quintana (um dos meus poetas preferidos), é o mais especial porque ganhei de presente em um momento muito feliz da minha vida. E como leio e releio dia sim, dia não, redescobri tempos atrás que ele escrevia poemas sobre mim. É sério. Em mais de um livro ele menciona meu nome inúmeras vezes. E de todos os poemas que escreveu pra mim, hoje escolhi um que pretendo usar como lema de vida:

Viver

Vovô ganhou mais um dia. Sentado na copa, de pijama e chinelas,

enrola o primeiro cigarro e espera o gostoso café com leite. 

Lili, matinal como um passarinho, também espera o café com leite.

Tal e qual vovô. 

Pois só as crianças e os velhos conhecem a volúpia de viver dia a dia, hora a hora, e suas esperas e desejos nunca se estendem além de cinco minutos…” (Mario Quintana)

Viram que impressionante?! Eu disse que ele escrevia sobre mim! Risos! Sonhos e brincadeiras à parte, quero falar um pouco sobre o assunto VIVER sob a perspectiva desse poema.

Tá certo que é um viver bem carpe diem, mas Quintana o justifica muito bem, pois as personagens, vovô e Lili, apesar de terem idades extremamente diferentes, dão o mesmo sentido efêmero à vida, vovô porque já viveu tudo o que tinha de viver e agora está curtindo o lucro da vida: os dias que tem a mais pra viver, sem compromissos maiores; e Lili porque é criança, ainda não tem as responsabilidades e os dissabores da vida adulta, seu único compromisso é com ela mesma: de se divertir.

Num equilíbrio entre os meus extremos: a Lili ansiosa e medrosa e a Lili sonhadora e corajosa, penso que a vida da gente tem de ser assim, um dia de cada vez, nada de planos com prazos muito longos, tudo pra agora, imediatamente, ou pelo menos, em uma medida certa, é claro, se é que dá pra conciliar essas palavras ou esses extremos.

Acredito que muitas das nossas crises existenciais se dão por conta das grandes expectativas que criamos na nossa cabeça da vida que sonhamos viver e por algum motivo (a vida) não aconteceu…

Uma vez li em uma revista ou um livro, não me lembro bem, que devemos ter mais de um objetivo ou projeto de vida, porque se um não der certo usamos o outro e o outro e o outro… sem grandes frustrações. Ideia interessante e pertinente, mas sabemos que na prática nem sempre é assim, pois vivemos em um mundo que nos incita a querer e buscar obter, a qualquer custo, qualquer coisa, estando ou não ao nosso alcance e acabamos nos prendendo numa armadilha perigosa.

E então sonhamos com a roupa, o carro, o emprego, o apartamento ou a casa, a pessoa, a vida, que por obra do destino (caso queiram) ou por causa das escolhas que fizemos ao longo da vida não podemos ter porque cada um é único e cada vida tem o seu próprio sentido.

E seguimos vivendo repletos de enganos e um dia, talvez tarde demais, deixamos de desfrutar da leveza da vida vivida por vovô e Lili!

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