A fonte da juventude ou a busca da imortalidade (editada)

Hoje parei para pensar sobre um assunto que vive no imaginário do ser humano: a fonte da juventude ou a busca da imortalidade. A lenda diz que as águas da fonte da juventude são capazes de devolver a juventude à pessoa que bebê-las ou banhar-se nelas. Livros e filmes retratam de forma fantasiosa essa busca da imortalidade.

Não vou negar, adoraria ainda ter minha pele dos vinte e poucos anos, com bastante colágeno… somente!

O que vemos nos dias de hoje é que essa busca da imortalidade ou da fonte da juventude é bem real, no sentido físico da coisa. As pessoas procuram desesperadamente congelar o tempo em um determinado ponto de suas vidas, mais especificamente no corpo.

Cientistas, médicos e indústrias farmacêuticas pesquisam sobre o assunto, fazem experiências, criam fórmulas e vendem seus produtos, de todos os tipos possíveis, para todos os gostos e gêneros.

Dessas descobertas, que vão desde pílulas, vitaminas e cremes para a pele à plástica em qualquer parte do corpo, nos chamados sinais da idade, como marcas de expressão mais comum como as rugas até as mais transformadoras. Já imaginou que maravilha, parar o tão temido senhor do tempo?! Nem tanto.

Algumas dessas ações, que vão desde aplicações de produtos para ‘alisar’ a pele à redução de gorduras e agora mais do que nunca a chamada harmonização facial, em que algumas pessoas ficam irreconhecíveis, em alguns casos até desfiguradas e em casos extremos, chegam a perder a vida, sim, já aconteceu mais do que imaginamos.

Pessoas emocionalmente desequilibradas buscam consultórios médicos ou estéticos, de ‘profissionais’ às vezes sem formação específica, e começam a odisseia que as levará a um caminho sem volta, à perda da identidade, transformando-as em verdadeiros seres desfigurados para resgatar uma imagem que nunca existiu.

Prefiro a lenda da fonte da juventude, afinal, nada de agulhas nem bisturis, apenas um banho às margens de seu leito ou um farto gole da sua água.

Por outro lado, penso que essa busca frenética por rejuvenescer ou não envelhecer não tem muito sentido, porque nossas marcas de expressões são fruto de experiências vividas, cada uma delas com uma história para contar, mesmo que doídas ou simples, são nossas vidas!

Digo isso por experiência própria, mas não tem a ver com mudanças físicas radicais. E não se assustem, também não bebi a água da fonte, tampouco me banhei nela, é sobre uma experiência que vivi quando me formei na universidade.

Considero o meu último ano da faculdade o melhor de todos, fiz parte do centro acadêmico, participei ativamente de alguns movimentos estudantis e de professores – em um tempo em que lutar por um sonho ou direitos não era tão perigoso –, encontros regionais e nacionais de curso, viagens, enfim, vivi os quase cinco anos em apenas um e quando acabou não queria sair de lá, queria continuar, vivenciar tudo aquilo, congelar aquela época.

A partir da lembrança dessas emoções, tive uma ideia, fui à Coordenação do Curso de Letras e pedi autorização para participar como aluna especial em uma determinada disciplina.

Cheguei a frequentar algumas aulas e logo percebi, para minha decepção, que jamais viveria aquele tempo novamente. Por quê? Porque as pessoas com quem convivi naquele último ano não estavam mais ali – salvo algumas poucas de outros semestres do curso –, aqueles momentos que vivi, que achei maravilhosos, não se repetiriam tais como aconteceram…

Por isso, tiro uma conclusão muito particular sobre o tema: de que a busca da imortalidade ou da fonte da juventude é ilusória, pois os momentos vividos, as coisas, as pessoas e o mundo no qual vivemos em um passado longínquo não seriam exatamente os mesmos, ainda que tenham existido, eles ficaram no passado, na nossa memória e em nossos corações.

E vamos ser realistas, imaginemos um mundo em que ninguém mais morresse, não caberia tanta gente assim e se transformaria em uma distopia pior que muitas já escritas ou até mesmo vividas em algum universo distante.

Essa reflexão vale nossa acurada atenção, não?!

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