Lembranças

Dias atrás, no story do Instagram de uma querida, ela postou uma foto de suas enteadas saboreando sua primeira Banana Split e naquele instante, aquela imagem me transportou para décadas atrás, muitas, muitas mesmo, quando eu tinha lá meus dez anos de idade e fui apresentada para a minha também primeira experiência de tomar uma Banana Split. E quem me levou para essa saudosa aventura, ao Zum-Zum Lanches, em Araçatuba, foi meu primo, o mais descolado dos primos, Arthur – e vamos falar baixinho aqui – o sobrinho preferido da mamãe.

A lembrança de vivenciar essa experiência me fez refletir, mais uma vez, sobre como podemos aliviar o peso das cobranças que nos impomos, dia a dia, às vezes, influenciados ou até mesmo sendo cobrados por uma sociedade adoecida, que busca freneticamente uma felicidade ilusória.

Apenas com a maturidade descobrimos que essa felicidade instantânea que vemos nas redes sociais não existe, não da forma como é apresentada.

A verdadeira felicidade, a que mais importa, no fim das contas, é a de alegrias cotidianas, que vivemos e experienciamos no dia a dia, numa conversa com a filha, com a amiga, com a mãe, a avó, qualquer que seja ela, tomando um café da manhã, comendo um bolo caseiro com cafezinho passado no coador de pano, com cheiro de afeto.

Esses momentos, muitas vezes imperceptíveis no momento em que estamos vivenciando, são os verdadeiros momentos de felicidade verdadeira… é no dia a dia, no piscar de olhos, no “bom dia, filha, que Deus te acompanhe!” da mãe…

Outras experiências marcantes que pude vivenciar na minha alegre e simples infância, que somente agora, adulta e muito saudosa, posso valorizar.

As visitas na casa da tia Mê, mãe do primo Arthur, também eram grandes aventuras pra mim. E também as visitas na casa da minha prima Carla, irmã do Arthur, no seu primeiro apartamento, logo que se casou, eram as melhores, as músicas que ouvia lá me ajudaram a formar minha identidade musical. Ao fechar os olhos, consigo visualizar uma cena, quando com vergonha de fazer barulho do garfo no prato de cerâmica pesado pra minhas mãozinhas ainda de criança.

As viagens a Valparaíso, na casa da Vó Landa também eram das minhas experiências preferidas. Era uma casa grande, na minha lembrança de criança, com uma varanda ampla, de muros e portão baixinhos. Lembro-me do piso de madeira, que até hoje sonho com um parecido. O quintal, também farto de árvores frutíferas, a minha favorita, certamente, era a parreira de uvas, daquelas roxinhas e docinhas, e das frutas incomuns, tinha uma figueira. Era uma aventura completa passear por Valparaíso. Lembro-me que íamos a um campinho de futebol soltar pipa, feita com a ajuda do papai, com os primos, e à noitinha, íamos passear no jardim japonês. Momentos valiosíssimos.

Pra finalizar e talvez tirar um aprendizado dessas lembranças, é constatar que a felicidade verdadeira não vem de compras de produtos superfaturados e muitas vezes supérfluos (não que você não possa fazer, você pode fazer e sonhar o que quiser), mas ela também pode vir de experiências de momentos com pessoas queridas de nossas vidas, que serão lembradas para sempre em nossa memória a ponto de revivê-las nos nossos corações.

2 comentários em “Lembranças”

  1. Ah, requintada banana, sorvete e coberturas = Banana Split, um luxo de sabores e novidade da hora. Arthur, Carla…o tempo passa, e com ele, as melhores lembranças; saborei-as…💞

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