Interessante esse negócio de expectativa, né? Antes de começar a falar sobre o assunto, vou me utilizar do bom e velho Aurélio: expectativa: substantivo feminino – esperança fundada em supostos direitos, probabilidades ou promessas. Nossa, forte, hein? Quer dizer, antes de consultar o dicionário, eu tinha outra ideia da palavra expectativa, acreditava apenas que fosse esperança em algo ou alguém. Por exemplo: em relação à amizade ou ao amor mesmo, esperamos que a outra pessoa esteja sempre ali, nos ouvindo, pronta para, a qualquer momento, nos ajudar, nos suprir com carinhos, sentimentos, agrados infinitos… Mas isso, muitas vezes, sem jamais essa pessoa ter prometido algo.
Na verdade, projetamos no outro os nossos sonhos, como gostaríamos que essa pessoa fosse. Aí entra a outra questão do texto, a mais dura e forte: a frustração. É, porque nem sempre os nossos amigos, familiares, namorados, chefes ou maridos corresponderão a essas expectativas, não do jeito romântico que sonhamos, porque são humanos, porque são normais, porque também esperam algo de nós! É isso mesmo, é uma roda viva!
E o curioso de tudo isso são os desentendimentos, os desencontros, os fins de amizade, as perdas de emprego, enfim… Uma vez li em um jornal uma história muito bonita, talvez verdadeira ou não, mas muito comum, não sei se serei fiel a minha memória, mas era mais ou menos assim: um velho casal estava à mesa tomando café da manhã em comemoração às bodas de ouro: a mulher, depois de todos esses anos de casada com o marido, resolveu pedir para ele o miolo do pão e o marido surpreso, mas feliz, entregou e perguntou, por que isso agora? E ela respondeu, eu sempre gostei do miolo, mas como você sempre comia, não quis te contrariar, e por surpresa, também, da mulher, o marido disse, eu sempre gostei da casca do pão, mas como você sempre comia e nunca me perguntou do que eu gostava, não quis te contrariar. Vejam, passaram 50 anos frustrados, comendo pedaços de pão que sequer gostavam, para ‘agradar’ o outro, mas esperando um dia ser agradado.
Por conta dessas eternas expectativas, estamos sempre nos frustrando, criando na cabeça situações que jamais acontecerão de verdade! Precisamos encontrar o equilíbrio entre o esperar, o receber e o partilhar e assim, talvez, sejamos menos frustrados e mais felizes!
